João Octaviano Machado Neto*
Adaptação do limite de velocidade, preços variáveis de pedágio, avisos de velocidade aconselhável para caminhões e colisão ocorrida minutos antes, alertas sobre congestionamentos previstos para a próxima hora, pavimentos asfálticos que guiam carros e até a circulação de veículos autônomos.
Parte destas descrições já é realidade em alguns dos países mais desenvolvidos. Este cenário coloca uma grande questão ao Brasil: como serão as rodovias daqui a 10, 20 anos? O Governo de SP não se furta deste desafio!
Há várias décadas, porém, EUA, Japão e Europa desenvolvem o conceito de ITS, sigla em inglês para Sistemas Inteligentes de Transporte, popularmente conhecidos como rodovias inteligentes. As iniciativas reúnem não apenas governos, como também empresas de logística e indústria automotiva que visam a melhora da segurança viária com comunicação cooperativa entre todos – sobretudo os usuários.
Corredores logísticos conectados
Na década de 90, um dos primeiros programas na Europa foi o Corredor Cooperativo Roterdã-Viena, que hoje soma 1.200 quilômetros com diferentes tecnologias ITS. A mesma lógica se deu no Japão, com o VICS (Sistema de Comunicação Veicular), em que informações são exibidas nas telas de navegação dos carros.
Nos EUA, no Estado de Washington, preços de pedágios se alternam: se a rodovia está com o fluxo livre, o valor é maior; se está com grande movimento, é menor. Na Austrália, o projeto CITI usa estrategicamente ITS em rodovias de acesso ao Porto de Kembla.
A busca por carros autônomos é mais antiga – há registros desde 1939. A literatura científica considera, no entanto, que foi a Universidade de Tsukuba, no Japão, que desenvolveu em 1977 o primeiro veículo robótico inteligente. Calcula-se que esses carros serão industrialmente produzidos para todo o mundo dentro de um curto espaço de tempo – talvez menos de dez anos.
Outro experimento que chama a atenção é a pavimentação asfáltica cujos sensores dão não apenas a localização exata de milhares de veículos conectados, com sua velocidade e peso, como também vão fornecer informações aos motoristas em tempo real sobre tráfego, condições da estrada e acidentes.
Estas tecnologias sinalizam para uma engenharia preditiva, que ambiciona prever acontecimentos futuros, como maiores probabilidades de acidentes em trechos determinados.
Sucesso das concessões em SP
No Brasil, as concessões iniciadas pelo Governo de SP em 1998 são um grande catalizador de ITS em nossas rodovias. Sob comando e fiscalização da Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo), várias estradas já dispõem de sistema wi-fi gratuito, são monitoradas por câmeras – várias delas 100% – e pesagem de caminhões em movimento. As empresas concessionárias tornaram rotineiro o uso de PMVs (painéis de mensagens variáveis), que avisam com antecedência ocorrências de congestionamento ou acidentes. Não à toa, São Paulo tem 18 das 20 melhores rodovias do país.
Entre as estradas do DER (Departamento de Estradas de Rodagem), não é diferente. Uma parceria com a Polícia Rodoviária criou em 2019 um sistema de Inteligência Artificial no Estado, fruto da junção de três elementos conectados: 771 equipamentos de OCR (sigla em inglês para reconhecimento ótico de caracteres, placas de veículos), a central de inteligência no DER e 1.300 tablets aptos para registrar autos de infração e BOs eletrônicos. Os dados são automaticamente transmitidos à central, onde são cruzados com acervos da PM, Polícia Civil, Detran, Justiça e do próprio DER. Identificadas irregularidades, em segundos estarão nos tablets de policiais rodoviários mais próximos.
O Governo de SP acaba de realizar uma grande concessão rodoviária, os 1.200 kms da Pipa (trecho entre Piracicaba e Panorama), que já inclui algumas inovações, como o pedágio ponto a ponto – em que se paga apenas pelo kms percorridos.
Precisamos, porém, ampliar nossa atuação neste campo. E o Governo de SP se apresenta para planejar a vinda de novas tecnologias ITS nos futuros contratos de concessão. Mais do que isso, necessitamos incluí-las na legislação nacional. O desafio é enorme porque é extremamente difícil dizer que tipo de veículo estará nas rodovias no futuro, com qual combustível, quais tecnologias de pavimento, qual sinalização horizontal, vertical, embarcada nos veículos, e que tipo de comunicação haverá com a estrutura da rodovia.
Não vamos, porém, desistir. Já fazemos gestão e planejamento eficientes para melhorar ainda mais as rodovias de todo o Estado hoje. Planejamos também o futuro próximo!
João Octaviano Machado Neto é engenheiro civil e secretário estadual de Logística e Transportes
Fonte: O Estado de São Paulo
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