Exportadores de café calculam que aproximadamente 3 milhões de sacas do produto deixaram de ser enviadas ao exterior em 2021 por conta dos reflexos dos problemas logísticos do transporte marítimo mundial, que influenciaram na menor oferta de navios e contêineres. O diretor técnico do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Eduardo Heron Santos, disse que apesar de os prazos serem cumpridos pelos exportadores, ainda existem cargas acumuladas no Porto de Santos (SP) que não foram embarcadas. Esse cenário, segundo Heron, trouxe prejuízo da ordem de US$ 450 milhões às exportações no ano passado.
O diretor disse que, com a chegada da carga ao Porto de Santos (SP), muitas vezes ocorreu a falsa impressão de que os embarques de café estavam fluindo normalmente. “Cumprimos deadlines de carga, retiramos o contêiner, estufamos no interior e devolvemos a carga no porto. Aí começa nossa ‘Via Crucis’ quando conseguimos colocar o contêiner do terminal”, relatou Heron durante reunião promovida pelo Comitê de Usuários dos Portos e Aeroportos do Estado de São Paulo da Associação Comercial de São Paulo (Comus/ACSP), na última terça-feira (20).
Heron observa que o café, como todas as commodities, foi impactado pela crise logística global, com dificuldades para todos os setores da importação e exportação, com falta de disponibilidade de navios, causando alta dos fretes e problemas de rolagens consecutivas de carga porque havia concentração grande no tráfego das principais rotas do comércio marítimo global.
O diretor lembrou que, em novembro do ano passado, foi iniciado o primeiro embarque de café como carga geral, usando uma modalidade comum há 50 anos atrás, quando era comum embarcar café em sacas de 60 quilos nos porões de navios. “Tivemos um processo readaptado à situação logística. Vimos na exportação um cenário em que importador precisava do café e não havia navio para transportar a carga. Constatamos elevados custos marítimos que levaram as transações para níveis estratosféricos”, relatou.
Heron acrescentou que não está havendo a melhora projetada, ao final do ano passado, por armadores e agentes marítimos que ocorreria a partir do segundo semestre de 2022. Ele contou que julho foi um bom mês para os exportadores de café, mas que o cenário favorável não se repetiu em agosto. A avaliação do Cecafé é que, de agora até a entrega das embarcações encomendadas pelos armadores previstas para chegar a partir do segundo semestre de 2023 e em 2024, pode ser que a situação volte ao normal. “Até lá, vamos viver a volatilidade dos desafios mensais. É muito prematuro fazer diagnóstico de como será a logística nos próximos meses. Será um mês de cada vez”, explicou.
Fonte: Portos e Navios