Operadores logísticos relatam “extrema apreensão” com a continuidade da greve de auditores fiscais da Receita Federal, que se arrasta desde novembro. Entidades do setor dizem que os custos adicionais gerados por multas com o atraso nas entregas de mercadorias têm desestimulado contratações e podem afetar o nível de emprego.
“Vale lembrar que os operadores logísticos respondem por aproximadamente 2,3 milhões de empregos, entre diretos e indiretos, sendo peça-chave na engrenagem da economia nacional”, diz nota da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (Abol), obtida pela Coluna do Estadão.
Operadores logísticos são empresas que prestam serviços integrados de logística, como transporte, armazenagem e gestão de estoque. A Abol alerta para um aumento expressivo no tempo de liberação de cargas nos principais aeroportos e portos do País, devido à paralisação dos auditores, que fiscalizam as mercadorias que chegam do exterior.
“A sobrestadia das mercadorias, associada à ausência de condições adequadas para sua manutenção nos terminais de carga, tem gerado atrasos em serviços de abastecimentos essenciais à população, quebra de contratos com clientes e embarcadores e, no pior dos casos, avarias que comprometem a integridade dos produtos”, afirma outro trecho da nota, assinada pela diretora-presidente da Abol, Marcella Cunha.
Ao pedir urgência para um acordo entre o governo federal e a Receita, a entidade também ressalta que a instabilidade compromete a confiança de investidores e gera danos para a credibilidade global do Brasil.
Como mostrou a Coluna do Estadão, delegados da Receita também aderiram à greve. Um dos principais motivos para a decisão foi o corte de até 20% do bônus de produtividade de auditores imposto pelo órgão.
Coluna do Estadão