Depois de receber um dos maiores cheques do ano entre startups nacionais (US$ 212 milhões, em fevereiro), a Loggi anuncia nesta quinta, 25, um novo galpão de entregas que promete agilizar suas operações. Localizado em Cajamar (SP), o centro é fruto de um investimento de R$ 150 milhões e terá capacidade de processar 1 milhão de pacotes por dia até 2023 – atualmente, ele é capaz de processar a metade disso.
Com o novo centro, a expectativa da startup é reduzir em até cinco horas o tempo de entrega na capital paulista – a ideia é que as encomendas na cidade sejam feitas em menos de 24 horas.
Acompanhando a onda de inaugurações recentes feitas por gigantes do varejo, como Amazon e Mercado Livre, a Loggi mira na automação do processo para ter vantagem diante da concorrência. O centro aposta em software e maquinário inteligente, reduzindo a participação humana.
“Esse centro foi resultado de muitos anos de pesquisa e de aprendizado de como processar pacotes com mais produtividade, eficiência e melhorando qualidade”, diz ao Estadão Grégoire Balasko, diretor de operações da Loggi.
Estoque\
O entreposto é do tipo cross-docking, no qual não há estocagem de itens, algo comum nos centros de distribuição tradicionais. Neles, os produtos ficam parados nas prateleiras para pronta-entrega.
No caso da Loggi, os pacotes são reorganizados assim que chegam no local e enviados para os caminhões da startup, que farão o trajeto de entrega.
Priscila Miguel, do Centro de Logística e Supply-Chain da Fundação Getúlio Vargas, explica que o modelo faz com que a Loggi diminua os custos de operação, permitindo que as empresas parceiras também façam menos viagens. “Isso vai garantir que existam mercadorias de forma mais planejada e consolidada, porque vai haver mais agilidade no processo”, explica a professora.
O investimento em automação e tecnologia, no entanto, é uma aposta de longo prazo, comenta Priscila. Devido ao alto custo de importação das máquinas, empresas do segmento ainda preferem apostar em mão de obra humana.
“O investimento nessa tecnologia é muito caro e não é algo que é feito rapidamente, porque precisa incorporar o processo de adaptação dos processos, fazer a implementação do projeto e treinar as pessoas”, observa.
Expansão\
A Loggi não quer ficar estacionada em Cajamar. A cidade de São João de Meriti (RJ) recebe hoje um novo cross-docking de 18 mil metros quadrados e menos “tecnológico” do que o paulista – o antigo galpão da startup no Estado fluminense, em Cordovil, tinha 2 mil metros quadrados.
Fundada em 2013, a Loggi tem 10 galpões de cross-dockings no País e faz entregas em 3 mil municípios via malha própria - a meta é chegar a 4 mil cidades.
“Nossa expansão é um processo por etapas. Primeiro pegamos mais espaço físico e depois adicionamos mais formas de automação. Pretendemos replicar esse movimento pelo Brasil”, diz Balasko. Para ele, o galpão da capital fluminense terá o papel de não apenas receber cargas do resto do País a caminho do Rio, como também ser um entreposto de despacho para outras regiões.
Lars Sanches, professor do Insper e pesquisador do MIT, afirma que a principal vantagem desse movimento é conectar pequenos e médios vendedores ao resto do País. “Eles podem oferecer o serviço a empresas menores que não tem estruturas próprias, por isso é uma iniciativa positiva para os pequenos”, observa.
Balasko aposta também no aumento de entregas nas regiões onde a startup já atua: “O mercado de encomendas do Brasil ainda é muito incipiente, mas está em rápido crescimento”, aponta o executivo. A promessa de expansão do segmento está no boom do e-commerce, catapultado pela pandemia de covid. “Na Europa, existe um volume de cerca de 6 encomendas por habitante, enquanto no País esse número é de 3. Aqui, nós projetamos crescer 20 vezes.”
Priscila, porém, lembra que os planos de expansão podem esbarrar na economia brasileira. “As empresas de logística sofreram pouco com a pandemia. Existe perspectiva de crescimento, mas isso depende da recuperação do País”.
Fonte: Estadão
27/11/2024
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