O investimento em inovação e tecnologia possibilita que os negócios encontrem soluções para mitigar seus impactos ambientais, sendo essencial para que a agenda de sustentabilidade tenha avanços mais significativos no Brasil. Empreendedores que investem em soluções tecnológicas e sustentáveis viabilizam a sobrevivência dos negócios através da transformação de todo o seu ecossistema corporativo a favor do meio ambiente.
O assunto foi discutido nesta quinta-feira, 26, durante a Conferência Brasil Verde 2021, evento realizado pelo Estadão. O debate contou com a participação de Daniel Contrucci, diretor da Climate Ventures e Aoka; Henrique Castellani, cofundador da Liv Up; Leonardo Dutra, líder de consultoria na área de Mudanças Climáticas e Sustentabilidade da EY para o Brasil; e Matheus Protti, fundador e CEO da LandApp. A mediação foi de Karla Spotorno, jornalista da Agência Estado.
Leonardo Dutra, da EY, explicou que os motivos para que as empresas realizem os investimentos em inovação e tecnologia são diversos, mas, de maneira geral, processos que geram inovação vêm da percepção dos empreendedores sobre riscos e oportunidades. Especificamente em relação à agenda de sustentabilidade, muitos investimentos são impulsionados pelos riscos trazidos pelo aquecimento global. “Hoje vivemos em um cenário de risco climático e várias ideias estão surgindo para endereçar essa questão. Então é uma percepção de risco”, disse.
Dutra abordou a urgência da questão climática e também o conceito de “teto ecológico”, que, segundo ele, é o entendimento de que os recursos naturais são finitos e devem ser preservados. “Os ativos ambientais possibilitam o nosso modelo de vida e as pessoas estão começando a fazer essa associação, de que temos esse grande estoque de ativos ambientais que devem ser preservados. Para o bem do nosso modelo de vida e para a prosperidade econômica também”, afirmou.
Trabalhando com a Climate Ventures, plataforma que fomenta inovação para negócios que visam a transição para uma economia regenerativa e de baixo carbono, Daniel Contrucci afirmou que percebe um crescimento no número de negócios que buscam ter impactos sociais e ambientais positivos, mas que ainda há dificuldades.
“Desde a criação da Climate Ventures, em 2018, mais de 700 startups se cadastraram em nossas chamadas e o número está crescendo exponencialmente. Há ainda várias outras aceleradoras, incubadoras e organizações que estão desenvolvendo empreendedores que têm modelos de negócios que conseguem ajudar a resolver alguns dos nossos desafios sociais e ambientais”, disse.
Ele também destacou, no entanto, que falta investimento. “É um movimento crescente, mas ainda estamos no alvorecer, nos primeiro minutos do dia de uma nova economia, e precisamos de muito mais empreendedores e programas que ajudem a conectar esses empreendedores com o mercado. E que também ajudem a alocar investimentos para que esses modelos de negócios se desenvolvam e essas soluções apareçam”, afirmou. A maior dificuldade de obter investimentos, segundo ele, é na fase pré-escalável dos negócios, quando os empreendedores ainda estão começando.
Buscando soluções sustentáveis para o setor de construção civil, Matheus Protti fundou o LandApp, aplicativo que busca usar a tecnologia para auxiliar na logística e no transporte de resíduos sólidos e materiais usados em obras. Ele contou que seu avô era caminhoneiro e que o aplicativo nasceu de sua vontade de transformar o mercado, que tinha mudado pouco desde a época em que seu avô trabalhava. O aplicativo atua na cidade de São Paulo e funciona como um marketplace logístico, conectando uma frota de caminhoneiros autônomos diretamente a grandes construtoras, tudo através da tecnologia.
Protti explicou que o aplicativo apresenta a solução chamada Aterro ZERO, que tem o propósito de conectar e compartilhar materiais e resíduos entre obras e entre construtoras. O resultado, além da redução dos custos, é também a diminuição das emissões de carbono. “A LandApp já reduziu a emissão de mais de 240 toneladas de CO2 e deixamos de rodar mais de 350 mil km com os caminhões com essa otimização logística”, afirmou.
Segundo Protti, o aplicativo também traz soluções de impacto social para os caminhoneiros. “Temos essa missão de desenvolver a categoria dos caminhoneiros, que é uma classe que tem muita dificuldade de rentabilizar sua atividade. Além do acesso às oportunidades de trabalho na palma da mão, do gerenciamento do ganho deles, eles também têm como benefício condições especiais em uma das maiores distribuidoras de auto peças aqui em São Paulo, que eles podem acessar diretamente no aplicativo. Temos o objetivo de incluir outros tipos de benefícios, principalmente vinculados aos principais custos da operação deles, diesel, financiamento, crédito, soluções financeiras de modo geral”, contou.
Outra empresa que investe em inovação e tecnologia, a startup de comida saudável Liv Up atua em cerca de 50 cidades pelo Brasil e trabalha com entrega de alimentos orgânicos, conectando pequenos produtores ao consumidor final. “A Liv Up surgiu com um propósito muito simples de levar comida boa via digital”, afirmou o cofundador Henrique Castellani.
“Começamos esse plano em 2016, pensando do zero como construir um negócio diferenciado. Desde o início queríamos trabalhar com pequenos produtores e ingredientes orgânicos. E essa é uma cadeia que está muito fragmentada, tem muitos elos e muitos intermediários. Então nós vimos que tinha uma oportunidade clara de conectar”, disse.
Castellani explicou que a marca trabalha diretamente com mais de 50 famílias de pequenos produtores, realizando um planejamento de demanda e oferecendo garantia de compra com preço fixo. “Também temos agrônomos que monitoram e acompanham as safras e trabalhamos com micro créditos para os produtores. Tudo isso tem um impacto extremamente positivo e só é possível através da tecnologia. Nós tentamos ver se existia alguma rede assim estruturada no Brasil e não tinha, então tivemos que criar”, disse.
A Liv Up usa embalagens de plástico, mas está iniciando um trabalho também com embalagens de papel, além de utilizar o plástico verde, originário da cana de açúcar. Segundo Castellani, até o final do ano a marca vai lançar um modelo piloto de logística reversa. A empresa ainda usa o selo "eureciclo", o que significa que 100% das embalagens colocadas no mercado são retiradas também, através da reciclagem. “Neste mês, começamos a fazer 200%, ou seja, estamos retirando o dobro (dos materiais de embalagens) do meio ambiente do que estamos colocando”, afirmou.
Em relação à logística, a empresa faz agenciamento para combinar datas e compartilhar o frete com outras empresas, diminuindo o impacto ambiental. A empresa também faz 15% de suas entregas com bicicleta. “E é tudo possível através de tecnologia e inovação. Temos mais de quatro pessoas dentro da equipe trabalhando full time para pensar em novas tecnologias, para termos maior redução do nosso impacto. Estamos fazendo um mapeamento da cadeia da pegada de carbono também, com consultoria especializada. Não podemos fugir da briga, as empresas têm que se responsabilizar e tomar atitudes para reduzir os impactos. Temos um caminho longo a seguir, mas estamos dando bons passos nessa direção”, disse Castellani.
Fonte: Estadão
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