Sob indícios de melhoria do fluxo internacional de comércio de café, o grão encerrou esta quarta-feira em queda na bolsa de Nova York. Os contratos do arábica para maio e julho recuaram 1,6%, ambos para US$ 2,276 por libra-peso.
Segundo o analista Jack Scoville, do Price Group, há sinais de que os entraves logísticos que frearam as exportações de café do Brasil estão se dissipando. A informação deflagrou um ajuste técnico, principalmente nas posições dos fundos.
Café
Conforme dados preliminares da balança comercial, no mês passado, o Brasil exportou 203,1 mil toneladas de café não-torrado, uma queda de 16% em relação a março de 2021. A receita, por outro lado, cresceu 53% no comparativo, para R$ 823,5 milhões, puxada pelo aumento de 43% no preço médio por tonelada (R$ 4.054,40).
A valorização do dólar em relação ao real também dá margem para o corte nos preços, uma vez que torna o produto brasileiro mais barato para os exportadores. A moeda americana estava sendo negociada por mais de R$ 4,70 perto do fim dos negócios no mercado de café.
O analista Jack Scoville disse também que há dúvidas sobre como ficará a demanda pelo grão em um cenário que soma a guerra entre Rússia e Ucrânia e o surto de covid-19 em Xangai, na China. Ontem, a Organização Internacional do Café (OIC) manteve em 3,1 milhões de sacas sua projeção de déficit global na safra 2021/22, que começou em outubro.
Algodão
Pressionado pelo petróleo, o algodão para maio caiu 1,3%, a US$ 1,3569 por libra-peso. Já a segunda posição, que vence em julho, recuou 1%, a US$ 1,326 por libra-peso.
A desvalorização do fóssil reduz a competitividade dos tecidos naturais em relação aos sintéticos. O barril do Brent para junho, referência internacional, caiu 5,22% nesta quarta-feira, a US$ 101,07.
Em relatório, o Zaner Group disse que os investidores têm preferido esperar os relatórios de exportação e safra de algodão dos EUA, que serão divulgados nesta semana, para tomar decisões mais arriscadas.
Açúcar
O desempenho do petróleo também pressionou as cotações do açúcar demerara. Os contratos para maio e julho caíram 0,3%, a 19,59 e 19,44 centavos de dólar por libra-peso, respectivamente.
Em teoria, a desvalorização do fóssil deixa o etanol menos competitivo, o que pode levar as usinas brasileiras a destinarem menos cana à produção do biocombustível, aumentando, assim, a oferta de açúcar.
Além disso, a desvalorização do real permite ajustes nas cotações internacionais do açúcar, que fica mais barato para os importadores quando a moeda brasileira cai.
Suco de laranja
O suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ, na sigla em inglês) também encerrou em queda. Os compromissos para maio caíram 0,44%, a US$ 1,5955 por libra-peso, e a segunda posição, que vence em julho, recuou 0,53%, a US$ 1,5865 por libra-peso.
Cacau
Exceção no dia, o cacau encerrou o pregão em alta. Os lotes para maio subiram 0,6%, a US$ 2.549 por tonelada, e os papéis que vencem em julho avançaram 0,7%, para US$ 2.605 a tonelada.
O mercado continua de olho na previsão do tempo para o Oeste da África, de onde sai a maior parte do cacau produzido no mundo. Os modelos meteorológicos indicam chuvas diárias e temperaturas elevadas até domingo.
De acordo com o Zaner Group, a região está saindo do período seco do ano, mas só com chuvas consistentes nas lavouras, ao longo de várias semanas, é que a produção deve ganhar impulso.