10/01/2022

Bolsonaro contraria Tarcísio em embate com Economia e veta Reporto

 Bolsonaro contraria Tarcísio em embate com Economia e veta Reporto


O presidente Jair Bolsonaro vetou a recriação do Reporto, benefício tributário que desonera investimentos em portos e ferrovias, incluído pelo Congresso Nacional no projeto de lei da BR do Mar (programa de estímulos à navegação de cabotagem). O veto representa uma vitória da equipe econômica sobre o ministro Tarcísio Freitas (Infraestrutura) e seus auxiliares, que defendiam a volta do regime.

O Reporto existia desde 2004 e foi sendo sucessivamente renovado até perder de vez a validade, em 2020, provocando apelos de empresários na área de portos e ferrovias por sua retomada. No texto final da BR do Mar, aprovado em dezembro, ele foi reintroduzido e havia a previsão de vigência até o fim de 2023.

O benefício garantiria isenção de IPI e PIS/Cofins para a compra de máquinas e equipamentos, como trens e portêineres, além de suspensão da cobrança de Imposto de Importação sobre itens que não tenham similares nacionais. A desoneração também poderia atingir o ICMS dos Estados.

O Ministério da Economia era contra por entender que todos os regimes especiais deveriam ser tratados em conjunto, no âmbito de uma reforma tributária -- embora os projetos na Câmara e no Senado estejam com tramitação praticamente paralisada.

Para o Ministério da Infraestrutura, a renovação era considerada fundamental porque as concessões recentes de ferrovias e novos contratos de arrendamentos de terminais portuários levavam em conta o Reporto no cálculo de investimentos exigidos. O setor privado estima que, sem o Reporto, a aplicação dos tributos pode encarecer em até 52% esses investimentos.

Para amenizar o impacto do fim do regime, concessionárias privadas têm procurado as agências reguladoras setoriais -- ANTT (transportes terrestres) e Antaq (transportes aquaviários) -- para verificar a possibilidade de reequilíbrio econômico-financeiro de seus contratos. Na prática, pode haver redução das obras contempladas nos planos -- já que, com os mesmos recursos, daria para fazer menos intervenções.

O pior cenário acaba sendo para terminais portuários privados (TUPs) e para as novas ferrovias autorizadas pelo governo, debaixo do guarda-chuva do marco legal recém-aprovado, porque esses contratos não têm risco compartilhado com a União e não há possibilidade de reequilíbrio.

Em edição extra do "Diário Oficial da União", publicada ontem à noite, Bolsonaro acata os argumentos da Economia para vetar o Reporto. Primeiro, nas razões do veto, ele alega que a proposta implica em renúncia de receitas sem a apresentação da estimativa do impacto orçamentário e das medidas compensatórias. Em seguida, o presidente cita que a volta do regime contradiz emenda constitucional que reduz progressivamente incentivos e benefícios federais de natureza tributária.

"Ainda, a proposição legislativa contraria o interesse público, uma vez que o Reporto restaria demasiadamente amplo e aberto, e criaria uma subjetividade no que poderia ou não ser contemplado pelos benefícios com possibilidade de desvios para outros usos, o que tornaria incompatível com diretrizes do Tribunal de Contas da União para comprovação dos montantes desonerados e o seu retorno à sociedade", finaliza.



Fonte: Valor Econômico

Notícias Relacionadas
 Brasil amplia em 279km a malha hidroviária economicamente navegável

14/10/2025

Brasil amplia em 279km a malha hidroviária economicamente navegável

m dois anos, o Brasil ampliou em 279 quilômetros a extensão total de suas vias hidroviárias economicamente navegáveis. O número passou de 20,1 mil quilômetros, em 2022, para 20,4 mil qui (...)

Leia mais
 Ministério dos Transportes lança Programa de Sustentabilidade para Infraestrutura de Rodovias e Ferrovias

14/10/2025

Ministério dos Transportes lança Programa de Sustentabilidade para Infraestrutura de Rodovias e Ferrovias

Em busca da qualificação de projetos de concessão e do estímulo à descarbonização, o Ministério dos Transportes lançou, nesta sexta-feira (10), durante o Infra ESG Talks, na sede da B3, (...)

Leia mais
 Movimentação de veículos em fronteiras da Multilog cresce 15%

13/10/2025

Movimentação de veículos em fronteiras da Multilog cresce 15%

A Multilog, empresa especializada em logística integrada, registrou em setembro a entrada de 41.053 veículos nos cinco portos secos de fronteira sob sua concessão. O número representa o (...)

Leia mais

© 2025 ABOL - Associação Brasileira de Operadores Logísticos. CNPJ 17.298.060/0001-35

Desenvolvido por: KBR TEC

|

Comunicação: Conteúdo Empresarial

Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com os nossos Termos de Uso e Política de Privacidade e, ao continuar navegando neste site, você declara estar ciente dessas condições.