A BBM Logística, que há um ano planejava aquisições e, eventualmente, um IPO (sigla em inglês para oferta pública inicial de ações), decidiu frear a expansão e focar no crescimento orgânico da empresa. Hoje, o plano de crescimento da companhia prevê ampliar sua atuação na América do Sul, implementar a operação na região Norte do Brasil e reforçar sua estrutura nos portos.
“Obviamente, se o custo de captação diminuir e o país voltar a ter condições mais favoráveis no ano que vem, podemos retomar as aquisições. Mas, neste momento, vamos nos concentrar no crescimento orgânico”, afirma André Prado, presidente da empresa, que é controlada pela gestora de investimentos Stratus.
Além do elevado custo de capital, outro fator que pesa na mudança de estratégia é a preocupação em reduzir o índice de alavancagem, que chegou a 4,6 vezes da dívida líquida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) no segundo trimestre deste ano.
O executivo diz que esse aumento no indicador foi provocado por uma queda transitória no Ebitda, mas que há uma tendência de melhora do cenário, diante da perspectiva de recuperação de demanda já no segundo semestre e da recomposição dos preços dos contratos com os clientes.
No primeiro semestre deste ano, a BBM ampliou sua receita operacional líquida para R$ 742 milhões, alta de 17,9%, na comparação anual. O custo dos serviços, porém, subiu 24,2% no período, para R$ 707 milhões. A empresa registrou prejuízo líquido de R$ 37,6 milhões na primeira metade deste ano. O Ebitda teve queda de 22,7%, para R$ 45,7 milhões, no período.
Tal como todas as companhias do setor, a BBM foi fortemente impactada pela disparada no preço de insumos, principalmente do diesel. O presidente afirma que o grupo buscou ser flexível e fazer um repasse de preços de forma negociada, para evitar a perda de clientes.
“A negociação não se faz de uma hora para a outra, então há um ‘delay’ [atraso]”, diz. “Hoje, a companhia já conseguiu chegar a uma operação equilibrada, diferentemente do primeiro semestre. Há alguns poucos clientes que precisam de reajustes, mas a situação já está equacionada.”
Além disso, Prado destaca que o preço do diesel já teve duas quedas, ainda que tímidas, recentemente. “A perspectiva do setor é que ainda haja uma redução nos valores até o fim deste ano. Já 2023 é uma incógnita, mas a projeção é que os preços se mantenham ou caiam”, afirma.
Há ainda uma expectativa de crescimento da demanda neste segundo semestre, principalmente para os segmentos de comércio eletrônico e de cargas fracionadas, que sazonalmente apresenta um melhor resultado na segunda metade do ano.
O grupo também tem conseguido avançar na negociação de novos contratos de grande porte com a indústria e o setor florestal - tal como o firmado com a Klabin, em fevereiro, hoje em processo de implementação.
Com esses indicadores de retomada, a projeção da empresa é que o índice de alavancagem retorne naturalmente a um patamar de cerca de 3 vezes da dívida pelo Ebitda, segundo Prado.
Um dos focos de expansão da empresa hoje é a entrada no Norte do país, um processo que já está em curso e deverá se consolidar até o fim de 2022.
A ampliação no mercado externo, dos países do Mercosul, também é uma diretriz para o próximo ano. Hoje, a BBM já opera na Argentina, no Chile, no Paraguai, no Uruguai e na Bolívia. Além disso, há planos de investir na operação intermodal da companhia, ampliando a presença nos portos brasileiros.
Fonte: Valor Econômico