A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 7,665 bilhões em agosto, com crescimento nas exportações e importações sobre o mesmo mês de 2020. Tanto o superávit de agosto quanto o valor exportado no mês passado foram os maiores para o mês da série histórica, que tem início em 1989.
Apesar dos recordes, começam a aparecer nos números da exportação os efeitos da quebra de safra enfrentada pela produção brasileira de alimentos como milho e café e pela colheita menor de soja neste ano.
Como mostrou o Estadão/Broadcast, a prolongada estiagem e, mais recentemente, as ondas de frio registradas em várias regiões do País afetaram a produção de milho, café, hortaliças e laranja. Depois de dois anos de recorde, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projetou uma queda na safra de grãos brasileira 2020/2021. A expectativa é de que sejam produzidas 254 milhões de toneladas, 1,2% a menos do que na safra anterior.
Isso já começa a ser visto nas vendas ao exterior. Em agosto, a quantidade exportada de milho, safra mais afetada pela questão climática, caiu 33,5%, resultando em uma queda de 18,9% no valor vendido. No ano, o recuo é de 25,8%.
A exportação de café não torrado encolheu 13,9%. Mas como o Brasil é o principal exportador do produto, o recuo na oferta acabou levando a um aumento no preço e o valor vendido no mês passado subiu 10,2%. No ano, ainda acumula alta nas quantidades de 10,4% na quantidade. Já o volume embarcado de soja cresce 6,3% em agosto e cai 2,5% no ano, sendo também compensado pelo aumento do preço do produto. De janeiro a agosto, o valor exportado de soja aumentou 25,1%.
Balança\
No mês passado, as exportações somaram US$ 27,212 bilhões, uma alta de 49,2% ante agosto de 2020. Já as importações chegaram a US$ 19,547 bilhões, um avanço de 61,1% na mesma comparação.
De janeiro a agosto, a balança comercial acumula superávit de US$ 52,033 bilhões. O valor é 45,7% maior do que o mesmo período do ano passado. Houve um aumento de 37,3 % nas exportações e de 34,4% nas importações do período.
No mês passado, houve aumento de US$ 34,94 milhões ( 19,4%) em agropecuária; crescimento de US$ 222,09 milhões (113,3%) em indústria extrativa e crescimento de US$ 147,7 milhões ( 32,9%) em produtos da indústria de transformação.
Nas importações, houve crescimento de US$ 4,04 milhões ( 26,7%) em agropecuária; crescimento de US$ 36,77 milhões ( 262,4%) em indústria extrativa e crescimento de US$ 294,07 milhões ( 57,1%) em produtos da indústria de transformação.
O ex-secretário de Comércio Exterior do antigo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e atual estrategista de comércio exterior do Banco Ourinvest, Welber Barral, ressalvou que o saldo de agosto “é bom”, mas é baseado nas exportações de commodities, especialmente as minerais, como minério de ferro e cobre, e não nas exportações da indústria, que agregam valores às matérias-primas, geram empregos e mais arrecadação para o País.
“Saldos comerciais são positivos porque o Brasil tem um déficit estrutural na balança de serviços pelo tanto que paga de dívidas lá fora e pelas remessas de dividendos e a balança comercial ajuda a equilibrar essa conta, mas poderíamos estar exportando mais”, pondera Barral.
Para se ter ideia do quanto o Brasil perde com a prevalência das exportações de commodities minerais sobre as manufaturas, em agosto os embarques de minério de ferro cresceram 128% sobre os volumes exportados em agosto de 2020, enquanto as exportações da indústria cresceram apenas 33% na mesma base de comparação, observou o ex-secretário de Comércio Exterior.
E o crescimento das exportações da indústria, segundo Barral, leva para o nível de 2019, pré-pandemia. Ou seja, mesmo com o câmbio desvalorizado, a indústria brasileira não é competitiva lá fora porque a elevada carga tributária e deficitária logística no País acabam por encarecer os produtos “made in Brazil”. “E se não tem exportação industrial não tem crescimento e não se gera empregos”, disse Barral.
Fonte: Estadão
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