Por Heverton Peixoto, CEO da Wiz Soluções e Fábio Britto, ex-diretor da Wiz Corporate
Os impactos da pandemia de covid-19 no comércio internacional pautam os debates do setor diariamente, principalmente sob o enfoque da mudança nos padrões de consumo e o seu poder transformador nas cadeias produtivas e logísticas. À medida em que a vacinação avança nas principais economias, gerando um sentimento de retorno a algum grau de normalidade, observa-se a máxima de que em momentos de crise a humanidade dá saltos de evolução. E com o setor marítimo-portuário esta tendência não é diferente: há um olhar mais atento aos investimentos, ao gerenciamento de riscos e mitigação de danos. Nesse sentido, os seguros são fundamentais.
O movimento de maior responsabilidade dos gestores pode ser notado inclusive nas transformações promovidas pelo governo federal via Ministério da Infraestrutura, o foco na redução do famoso “custo Brasil”, o aumento da competitividade internacional e a importância das exportações neste momento para o país. A privatização de terminais portuários através de leilões é um bom exemplo e exige análise criteriosa e proteções relativas aos recursos financeiros envolvidos.
Segundo o Ministério da Infraestrutura, a carteira de projetos 2021-2022 nos setores portuário, aeroportuário, rodoviário e ferroviário passa dos R$ 200 bilhões. Nos leilões já realizados, players consolidados no setor portuário, especializados majoritariamente em carga em contêineres, diversificam sua atuação para terminais de outras naturezas, como granéis líquidos e sólidos.
Quando investimentos robustos são realizados, a importância de uma boa governança de riscos fica ainda mais latente. A proteção aos vultuosos recursos financeiros dispensados em leilões e obras se dá por meio de modalidades diversas de seguro garantia. Podemos citar alguns ramos de seguros que ganham relevância na operação dos terminais, a exemplo do seguro de responsabilidade civil ambiental, já que muitos desses terminais estão próximos a áreas de proteção.
Um dos riscos que vem ganhando atenção é o do universo cibernético. O aumento da digitalização no setor portuário e a atuação cada vez mais sofisticada de hackers pedem seguros mais bem dimensionados, haja vista os prejuízos milionários decorrentes do vazamento de informações sigilosas ou mesmo da paralisação de operações como ocorrido recentemente com a Colonial Pipeline, principal operadora de dutos de combustíveis dos EUA.
Ainda do ponto de vista dos embarcadores, embora o risco de furtos, roubos e acidentes permaneça nos diversos modais demandando a contratação do conhecido seguro de carga nacional e internacional, já existem no mercado seguros mais “integrados” que protegem as cadeias de suprimentos de forma mais abrangente, como o Stock Throughput (STP).
Dados do Maritime Bulletin apontam que em 2020 foram registrados 945 acidentes graves envolvendo navios de cargas, 55 embarcações foram perdidas por completo e ao menos 294 vítimas fatais foram contabilizadas no mundo. Informações como essas reforçam que se torna cada vez mais relevante a busca por um efetivo programa de gerenciamento de riscos e a contratação de seguros bem adequados às exposições e necessidades da indústria.
Buscar parceiros que compreendam a gama de riscos que cada player enfrenta e que tenham conhecimento suficiente da dinâmica do mercado que se apresenta é uma alternativa. Desta forma, a revolução que estamos vivendo mundialmente será benéfica em termos de consciência de riscos e exposições.
Fonte: Valor Econômico
27/11/2024
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