O Pacto Global da ONU – Rede Brasil e a Scania anunciaram o lançamento do Hub de Biocombustíveis e Elétricos, um centro de debates voltado à descarbonização do transporte rodoviário. O objetivo é reunir especialistas, pesquisadores, empresários e representantes do governo para criar um ambiente propício ao desenvolvimento de projetos e iniciativas que acelerem a transição do setor para uma economia de baixo carbono.
O lançamento ocorreu durante o SDGs in Brazil, evento organizado pelo Pacto Global da ONU no Brasil em Nova York (EUA), nesta sexta-feira (20). O presidente da Scania, Christopher Podgorski, diz que o setor de transporte é responsável por 8% das emissões totais de gases de efeito estufa e a transição é urgente, já que 90% do transporte utiliza uma matriz de origem fóssil.
“Vamos precisar para os biocombustíveis produção, escala, qualidade, distribuição, precificação, marcos legais e soluções econômicas financeiras, ou seja, tudo o que hoje existe para uma matriz fóssil tem que ser criada para uma matriz limpa e renovável, tanto para biocombustíveis, quanto para eletrificação”.
O executivo vê nas novas tecnologias sustentáveis, como o biometano, gás renovável obtido a partir da purificação do biogás, um dos possíveis caminhos para descarbonização das frotas e defende o energético como forma de descarbonizar o setor de gás natural no país.
A medida está prevista no projeto de lei (PL) 528/2020, que cria programas nacionais para incentivar os chamados “combustíveis do futuro”. Embora apoiem a iniciativa, setores da indústria criticaram um dispositivo do texto que prevê a compra obrigatória do biometano por produtores e importadores de gás natural e o executivo da Scania vê como uma sinalização a aprovação do Combustível do Futuro e Mover, programas que dão incentivos a biocombustíveis no Brasil.
O Projeto de Lei (PL) do Combustível do Futuro aprovado pela Câmara é polêmico, já que determina a compra compulsória do biometano seguindo uma curva crescente em 2026 com um percentual de 1% do volume de gás comercializado até chegar a 10% até 2034.
O hub é formado por cerca de 70 empresas que operam em diversas áreas - como infraestrutura, logística, montadoras, segmento de energia, tecnologia, financiadoras, entre outras. Atualmente, está em andamento o mapeamento de desafios e oportunidades para a descarbonização do setor de transportes.
O executivo da Scania, entretanto, não vê ainda uma mudança significativa na matriz energética. A capacidade de produção em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo, é de produzir 30 mil veículos comerciais pesados, mas deste montante, apenas 1000 são de veículos que usam combustíveis renováveis.
Fonte: Valor Econômico