15/05/2025

Transição energética na logística

 Transição energética na logística



A edição de 2025 da Intermodal South America, realizada em abril, trouxe à tona discussões essenciais para o futuro da logística no Brasil, especialmente no que diz respeito à sustentabilidade. Um dos destaques foi o painel “Qual o combustível do futuro no Brasil? Os melhores caminhos para cada modal”, que tive a honra de mediar. O debate deixou claro que a descarbonização da logística não é mais uma meta distante, mas sim uma realidade em construção, que exige coragem, inovação e, acima de tudo, colaboração entre os diversos atores da cadeia.


A troca de experiências entre grandes empresas e especialistas do setor evidenciou que o País já possui bases sólidas para liderar essa transformação. Apesar dos desafios regulatórios e estruturais, soluções como biocombustíveis, eletrificação, hidrogênio verde, gás natural e alternativas híbridas estão cada vez mais presentes no planejamento estratégico dos Operadores Logísticos. A escolha das fontes energéticas que vão moldar os próximos passos do setor é uma decisão crítica, que precisa conciliar eficiência operacional, competitividade e responsabilidade ambiental.


Hoje, os Operadores Logísticos assumem um papel estratégico na adoção de modelos mais sustentáveis de gestão de armazéns, centros de distribuição e transporte. A boa notícia é que já existem tecnologias com paridade de custos em relação ao diesel, especialmente quando se considera a eficiência ao longo da operação. Isso mostra que migrar para uma frota sustentável não precisa ser, necessariamente, mais caro, desde que exista apoio regulatório, escala e incentivo à inovação.


Os debates evidenciaram também que a transição energética precisa ser sistêmica. Não adianta apenas uma empresa mudar. A cadeia logística como um todo precisa estar engajada, de fornecedores a clientes finais. Essa articulação é fundamental, especialmente em setores como o aéreo, em que o combustível representa até 40% dos custos totais da operação. Nesse sentido, compartilhar responsabilidades e construir parcerias é o caminho mais viável.


Vale lembrar que apenas 3% dos Operadores Logísticos conseguem repassar integralmente os custos da descarbonização aos seus clientes. Ainda assim, muitas empresas têm sido corajosas, investindo em frotas alternativas e tecnologias limpas. A diferença está em transformar essas microiniciativas em soluções estruturais e duradouras, capazes de fortalecer todo o ecossistema.


A ABOL tem se posicionado como parceira ativa nesse processo. No final de 2024, lançamos o 1º Inventário de Emissões das nossas associadas, um passo importante rumo à transparência e ao diagnóstico preciso do setor. Os dados mostram que a queima de combustível fóssil, especialmente o diesel, representa 94,5% das emissões nas operações logísticas. Por outro lado, a pesquisa “Perfil do Operador Logístico 2024” revela um compromisso real: os OLs projetam uma redução média de 37% nas emissões de CO₂ nos próximos oito anos.


Por meio da Diretoria ESG, criada há quase três anos, temos implementado ações concretas para apoiar os diferentes estágios de maturidade dos nossos associados em relação à sustentabilidade. A transição energética não é apenas um desafio técnico, é uma mudança cultural. E como entidade representativa, temos o dever de fomentar o diálogo, fornecer dados confiáveis e contribuir com políticas públicas que estimulem essa transformação.


A logística verde não é apenas uma tendência. É um compromisso com o presente e uma responsabilidade com o futuro. E os Operadores Logísticos brasileiros estão prontos para liderar esse movimento.


Por Marcella Cunha, diretora executiva da ABOL



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