O governo federal assinou na segunda-feira (11), em Pequim, um Memorando de Entendimento com a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da República Popular da China, que prevê novas bases para a cooperação em políticas de desenvolvimento regional. O documento, segundo o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), abre espaço para ações conjuntas em áreas estratégicas, com destaque para infraestrutura logística, inovação e comércio de produtos regionais.
O acordo integra a estratégia de formação da Comunidade de Futuro Compartilhado Brasil-China, anunciada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Xi Jinping, que mira os próximos 50 anos das relações bilaterais. No campo da logística, a proposta é criar sinergias entre a iniciativa chinesa Cinturão e Rota — que conecta mercados por meio de grandes corredores de transporte e comércio — e programas brasileiros como o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Programa Rotas da Integração Sul-Americana, o Nova Indústria Brasil (NIB) e o Plano de Transformação Ecológica.
O PAC prioriza obras de transporte, energia e saneamento, com impacto direto no escoamento da produção agrícola e industrial. Já o Rotas da Integração Sul-Americana, coordenado pelo MIDR, busca melhorar a conectividade entre regiões brasileiras e países vizinhos por meio de rodovias, ferrovias, hidrovias e portos. O NIB, por sua vez, prevê modernização do parque industrial e estímulo a cadeias produtivas que dependem de logística eficiente, enquanto o Plano de Transformação Ecológica incorpora infraestrutura sustentável e transporte de baixo carbono.
“O Brasil e a China compartilham desafios e oportunidades semelhantes no enfrentamento às desigualdades territoriais e na promoção de um crescimento mais equilibrado entre diferentes regiões”, afirmou o ministro Waldez Góes, que assinou o memorando ao lado do vice-ministro chinês Wang Changlin. Segundo Góes, a parceria pode impulsionar a troca de experiências e técnicas em projetos de inclusão territorial e infraestrutura.
O memorando lista como áreas prioritárias a cooperação entre governos locais, a inovação regional, a otimização da distribuição de atividades produtivas, a governança ecológica de biomas e bacias hidrográficas, e a realização de seminários temáticos. Estão previstos estudos de caso, visitas técnicas e capacitações conjuntas para gestores brasileiros e chineses.
Wang Changlin destacou que o entendimento é oportunidade para aprofundar o diálogo sobre infraestrutura, desenvolvimento verde e inovação tecnológica. Ele também anunciou convite para que 24 representantes de alto escalão da Casa Civil e do Ministério do Planejamento e Orçamento participem, no próximo ano, de um seminário na China sobre desenvolvimento econômico, em cooperação com o Programa Rotas da Integração Sul-Americana.
Bioeconomia
Além da infraestrutura, Góes citou a possibilidade de ampliar o comércio de produtos da bioeconomia brasileira, como açaí, cupuaçu, cacau, azeite e coco, especialmente de regiões do Nordeste e da Amazônia. “Nós também esperamos que esses bons produtos possam levar para a China um mercado mais amplo”, disse.
Segundo o MIDR, a articulação entre os programas nacionais e a iniciativa Cinturão e Rota pode facilitar investimentos e acelerar obras de integração física, fortalecendo corredores logísticos internos e internacionais, considerados estratégicos para o desenvolvimento regional e para a competitividade do país no comércio exterior.
Fonte: Be News
Foto: Alexandre Costa/MIDR