16/10/2020

Falta de plano logístico preocupa especialistas

 Falta de plano logístico preocupa especialistas


Segundo OMS, 25% das vacinas no mundo chegam ao destino degradadas, por falhas na armazenagem ou transporte

A pandemia trouxe muitos desafios. Além da corrida para encontrar tratamentos e vacinas para conter a disseminação do novo coronavírus, resolver os gargalos logísticos é, agora, um ponto crucial. Isso porque no próximo ano, com a aprovação de imunizantes contra a covid-19, logística eficiente será fundamental para uma vacinação eficaz. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 25% das vacinas no mundo chegam ao destino degradadas - por falhas na armazenagem ou transporte - e 50% sem eficácia, por problemas de temperatura e tempo de distribuição até locais de vacinação.

“Para responder com eficácia à próxima crise de saúde pública, os governos precisam começar a implementar, hoje, estratégias e estruturas hoje”, diz o estudo.

Segundo a McKinsey, as vacinas vão ser, na maioria, transportadas por via aérea para distâncias mais longas. E para garantir a cobertura global pelos próximos dois anos, serão necessários cerca de 200 mil movimentos por em pallets e 15 mil voos. “Na distribuição local, os requisitos rigorosos de temperatura serão ainda mais desafiadores, e podem ser necessários quase 15 milhões de caixas de resfriamento para uma cadeia de abastecimento exemplar.”

Esse planejamento prévio é apontado por especialistas como um dos principais desafios que o Brasil vai enfrentar na maior vacinação da história. Liana Montemor, coordenadora do comitê de logística farmacêutica da Associação Brasileira de Logística (Abralog), diz que fazer isso em um país tropical com dimensões continentais requer um plano bem elaborado, com controle e rigor em todas as etapas de distribuição.

Para ela, manter a temperatura do produto em toda a cadeia logística é o maior desafio para os operadores nacionais. Outro fator que pode afetar a eficiência da vacina é o tempo entre a produção e a entrega nos pontos de imunização.

Claudia Roa, vice-presidente de Global Life Sciences and Healthcare na DHL Américas, disse que está prevista distribuição de 10 bilhões de doses da vacina para imunizar 70% da população mundial.

“Teremos muitas vacinas com características diferentes que demandarão uma logística diferente. Alguns operadores logísticos já estão se preparando para essa demanda e já estão em contato com fabricantes de embalagens para aumentar as encomendas. Os governos têm que se preparar.”

No Brasil, a DHL Supply Chain é responsável há mais de dez anos pela distribuição para a campanha nacional da vacina da gripe. De março a maio deste ano, transportou 2 milhões de doses. “Nas áreas mais remotas, conseguimos entregar em até 72 horas. Agora, todavia, vê falta de planejamento, principalmente para as vacinas que requerem temperaturas diferentes”, disse Marcos Cerqueira, vice-presidente de Life Sciences & Healthcare da empresa no Brasil.

Paulo Vitor de Andrade, presidente do grupo Polar, que tem um braço de embalagens térmicas usadas na logística farmacêutica, a Polar Técnica, disse que os operadores logísticos já estão fazendo consultas para o possível aumento de encomendas. “O setor, de alguma forma, está se estruturando. As conversas com o Ministério da Saúde, ainda são embrionárias”, afirmou.

Segundo ele, a empresa investiu R$ 2,2 milhões na compra de equipamentos e matéria-prima para formar o estoque. “Temos quatro meses de estoque já garantidos e precisamos de 60 dias para rodar a fábrica em capacidade maior”.

O secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, afirmou que o ministério deve inserir a vacina no PNI para ser distribuída para todo o Brasil. Ele ressaltou que para desenvolver um plano logístico é necessário definir os grupos prioritários para a vacinação. “Nas próximas semanas teremos o desenho logístico dos grupos e a partir de então podemos fazer novas considerações”, afirmou Gorinchteyn.

Segundo o Ministério da Saúde, que gere o um dos maiores programas públicos de imunização do mundo, o PNI, está em andamento o processo de compra de 300 milhões de seringas e agulhas. De acordo com a pasta, se for avaliado que há a necessidade de maior número de doses e ampliação do acesso à vacinação, as secretarias estaduais e municipais da Saúde se organizarão para novas aquisições, por ser de responsabilidade desses entes o fornecimento desses insumos.

Outro gargalo apontado pelos especialistas é a malha aérea e os espaços nos porões dos aviões. Segundo Eric Brenner, presidente da DHL Global Forwarding Brasil, a pandemia reduziu a operação das aéreas e, com isso, a capacidade do transporte de carga. “Essa demanda exponencial no próximo ano e em 2022 não condiz com a capacidade aérea que existe no mercado atual. Não há expectativa de aumento da malha para atender essa demanda ao longo dos próximos meses. Por isso trazer as vacinas para a América Latina e Brasil requer um bom planejamento para assegurar espaços nos aviões.”

Para Fernando Corrêa, gerente geral da Andreani Logística, operadora que tem como cliente o Instituto Butantan, disse que a distribuição das vacinas nas regiões Norte, Nordeste e Sul, devem ser feitas pelo modal aéreo. “O gargalo no país é o transporte aéreo. Os voos estão cheios e sem disponibilidade de espaço”, diz, acrescentando que faz parcerias com outras empresas fretando cargueiros.

A Andreani é uma operadora argentina especializada no transporte de fármacos. Há 17 anos no país, a companhia já faz 15% da movimentação de biofármacos e vacinas no mercado brasileiro.

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Fonte: Valor Econômico

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