30/03/2023

Controle de frota fica mais inteligente



Qualquer evolução tecnológica requer um período de transição. É o que ocorre hoje em relação à gestão e renovação da frota dos operadores logísticos. A mudança de fase é benéfica porque os novos recursos trazem mais facilidades e mecanismos de controle, cujo impacto produz ganhos expressivos de produtividade. Na ponta da gestão propriamente dita, recursos como inteligência artificial e monitoramento inteligente já estão disponíveis e em plena operação. Já em relação aos meios de transporte, a mudança está em andamento. Isso porque 2023 marca a transição para a nova determinação do Programa de Controle de Poluição Veicular por Veículos Automotores (Proconve P8). A norma é equivalente à Euro 6, vigente na União Europeia, que regulamenta emissões para motores a diesel.


“O histórico mostra que toda mudança de fase de uma nova tecnologia vem com custo adicional. Com isso, o mercado fica aguardando alguns meses para começar a comprar”, afirma Gustavo Bonini, vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A perspectiva é sustentada pela Associação Brasileira de Operadores Logísticos (Abol). “Ainda não medimos o impacto da implementação (do Proconve P8), mas é possível que haja um incremento nos preços”, afirma Marcella Cunha, diretora-executiva da Abol.


A mudança de regras e o consequente aumento de custos inspiram cautela ao mercado de caminhões em 2023. A indústria já vinha sofrendo com a falta de componentes na fase mais crítica da pandemia, além dos juros altos e das paralisações na produção. A Anfavea projeta queda de 20,4% no número de pesados produzidos e retração de 11,1% no total de emplacamentos do mesmo segmento.


A mudança de regras e o consequente aumento de custos inspiram cautela ao mercado de caminhões em 2023. A indústria já vinha sofrendo com a falta de componentes na fase mais crítica da pandemia, além dos juros altos e das paralisações na produção. A Anfavea projeta queda de 20,4% no número de pesados produzidos e retração de 11,1% no total de emplacamentos do mesmo segmento.


Enquanto se caminha para a implementação das novas regras, os gargalos da cadeia logística precisam ser acompanhados e sinalizados por meio de indicadores de produtividade. A Ticket Log, por exemplo, tem apostado em recursos tecnológicos de ponta. A empresa da Edenred Brasil utiliza o TED, uma inteligência artificial especializada em gerir frotas, que analisa dados de veículos em tempo real e sugere ações preventivas aos gestores. “Em 2022, foi lançada uma nova funcionalidade conectada ao TED: um canal de comunicação que possibilita ao gestor enviar mensagens de texto customizadas para os motoristas”, destaca Douglas Pina, diretor-geral de mobilidade da Edenred Brasil.


Atualmente, a inteligência artificial opera com 17 funcionalidades, incluindo a sugestão de postos mais econômicos para abastecer. A companhia tem ainda a GoHub, uma plataforma que facilita a gestão de toda a cadeia de frota de uma empresa, centralizando informações para mapear os custos totais da operação. No ano passado, a Edenred investiu 360 milhões de euros em inovação, em nível global.


A JBS Transportadora também lança mão de recursos inovadores. Um exemplo é o monitoramento inteligente da temperatura dos baús com carga, por meio de QR Code. Os dados são acompanhados via satélite a partir de sensores que ficam disponíveis em uma plataforma que os clientes da Friboi podem acessar.


“Nosso foco tem sido o desenvolvimento de carretas que favoreçam a ampliação da escala das nossas operações e a incorporação de cavalos com motores mais eficientes do ponto de vista do consumo por combustível, com menor emissão de gases poluentes”, afirma Ricardo Gelain, diretor da JBS Transportadora. Os investimentos variam entre R$ 200 milhões e R$ 250 milhões por ano. O atual plano de gestão da frota prevê renovar um terço dela anualmente.


Já na 4Truck, empresa de baús e carrocerias, o CEO Osmar Oliveira projeta crescimento de 20% sobre 2022. “A operação segue a todo vapor, sendo o maior problema a falta de mão de obra especializada. Temos cada vez mais dificuldade para encontrar ou formar profissionais para atender o nosso ritmo de crescimento”, pontua o executivo. Ele afirma, ainda, que os setores mais demandados no ano passado são, também, suas apostas para este ano, entre os quais estão e-commerce, alimentos e medicamentos. “Um destaque especial é o setor de locação de caminhões, que foi responsável por aproximadamente 40% de todo o volume produzido pela 4Truck em 2022.”


Na outra ponta, o cenário de desaceleração projetado pela Anfavea tanto para a produção quanto para as vendas de caminhões já considera os impactos da invasão da Ucrânia pela Rússia. Segundo o balanço da entidade referente ao ano passado, foram fabricados 161,9 mil caminhões e licenciadas 126,6 mil unidades. O impulso veio pela demanda dos segmentos de agronegócio, mineração, construção civil e e-commerce. Entretanto, o balanço mensal mais recente, de fevereiro deste ano, já indica uma retração logo na largada, com 8,1 mil unidades licenciadas ante 10,5 mil em janeiro.


Apesar da expectativa de reduzir de 10% a 11% a quantidade de caminhões vendidos no Brasil (seguindo o que projeta a Anfavea), a Scania lançou a linha Super, cujo destaque são os modelos com motores de 13 litros, adequados à nova regra do Proconve P8. O objetivo do novo segmento da marca sueca é reduzir em 8% o consumo de combustível – em uma evolução da série NTG, lançada em 2019. “A Scania investiu no motor de combustão interna visando não só redução de consumo, mas também maior eficiência em termos de sustentabilidade”, diz Alex Nucci, diretor de vendas de soluções de transporte da Scania Operações Comerciais Brasil.


A companhia também está empenhada em reforçar o caráter mais sustentável a partir dos caminhões movidos a gás, com a meta de vender 600 unidades deste tipo ao longo do ano e chegar ao patamar de mais de mil comercializados anualmente, a partir de 2024. No ano passado, a Scania emplacou 13,2 mil caminhões e teve uma participação de 13,2% no mercado acima de 16 toneladas.


Quanto aos investimentos, está em andamento o ciclo – que termina em 2024 – de R$ 1,4 bilhão aportados no Brasil. O programa inclui a modernização e a automatização da fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Outro ponto em que a Scania tem se empenhado é a assertividade das vendas. “Os produtos são comercializados por meio do sistema Taylor made for Application, que se baseia em entender o que o cliente precisa e o caminhão certo para cada operação, com plano de manutenção, sistema de treinamento e até com opções financeiras a partir do Scania Banco, que financia quase 50% de tudo o que vendemos no Brasil”, explica Nucci.


A Mercedes-Benz também tem investido para melhorar a eficiência. “Os veículos leves da linha Accelo e os semipesados da linha Atego ganharam o controle de estabilidade de série”, diz Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas e marketing de caminhões e ônibus da companhia. “Além disso, nosso extrapesado Actros, que já era o caminhão mais seguro do mercado, agora tem a opção de um novo motor, o OM 471, que é o mais vendido de sua categoria no mundo, além de ser referência no consumo de combustível, entregando até 8% de redução no consumo de diesel.” Em relação às projeções, a multinacional acompanha a expectativa da Anfavea.


A Volvo experimentou uma expansão de 10% em vendas no Brasil no ano passado, envolvendo todos os segmentos, tendo passado de 21,8 mil unidades comercializadas em 2021 para 24 mil em 2022. Somente na categoria de pesados, foram 18,7 mil caminhões vendidos. “Os números foram conseguidos apesar dos desafios enfrentados na cadeia de suprimentos, que afetaram toda a indústria automotiva. Mesmo com perdas de volume e aumento de custos, fizemos uma gestão eficaz”, avalia o diretor-executivo de caminhões da montadora, Alcides Cavalcanti.


O modelo Volvo FH 540cv foi o mais vendido no país entre todas as marcas e tipos (do leve ao pesado) pelo quinto ano consecutivo. “Outro destaque foram os caminhões vocacionais, destinados a aplicações fora de estrada, principalmente para os setores canavieiro, florestal, construção e mineração”, diz Cavalcanti. Segundo o executivo, porém, os custos têm impactado na produção, principalmente em razão da alta nos preços de suprimentos, como aço, peças em geral, pneus e semicondutores. Ainda assim, a Volvo recentemente renovou seu ciclo de investimentos no Brasil: R$ 1,5 bilhão para pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e serviços no período de 2022 a 2025.


A Volkswagen Caminhões e Ônibus está no meio de um período de investimentos da ordem de R$ 2 bilhões (de 2021 a 2025) para lançar novas tecnologias voltadas a uma mobilidade mais sustentável, com foco para eficiência energética e redução de CO2. A empresa teve importante desempenho nas vendas de caminhões em 2022, com 34,5 mil unidades licenciadas, o correspondente a 27,2% do mercado total.


Para 2023, o objetivo é ampliar a internacionalização. “Além de continuar contando com nossa rede de mais 300 concessionários e importadores autorizados, pretendemos criar uma estrutura regional própria, que garantirá ao cliente final ainda mais proximidade em nossa oferta de produtos, vendas e serviços. Começaremos esse trabalho já na América do Sul, mirando o potencial que enxergamos na vizinha Argentina”, explica o presidente e CEO Roberto Cortes. A companhia também segue a projeção da Anfavea para as vendas no mercado brasileiro.


Fonte: Valor Econômico



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